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13/08/2016

Auto-ajuda etimológica para consumistas


Hoje cedo, ainda alvorada, decidi passar os olhos pela internet. Deparei-me com um anúncio de um revival neo-pretensamente-hippie de kombi que a Volkswagen andaria tramando em seus escritórios, como uma nova ideia para atender a seus consumidores. 

Entre muitas heranças, os gregos deixaram-nos essa pequena palavra Idea. Literalmente, idea é forma, aparência, o "protótipo (proto: primeiro + typo: marca impressa) ideal".

É justamente um filósofo, na França do século XIX, que decide ocupar-se do mundo da ideia. Diz ele (ele é Destutt de Tracy) que a origem das ideias humanas são as percepções sensoriais do mundo externo. Napoleão chamou-o, e a seus seguidores, de "ideólogos". Desde então, temos entre nós essa beleza de palavra: ideologia. Marx, Engels, Eagleton, Lukács, Manheim, Thompson - são várias mãos cheias de filósofos e pensadores que se ocuparam dela desde então.

Neutra ou crítica, a ideologia está ligada à percepção que temos do mundo à nossa volta, e à forma como nos relacionamos com ambos, mundo e percepção. Sendo forma e aparência, o como e o que vemos do mundo depende dos nossos olhos e daquilo que lhes damos de alimento para saber distinguir uma coisa de outra. A partir do que ensinamos a nossos olhos (de como os educamos), eles dirão de que matéria, segundo a sua observação, se faz o mundo ao redor. Pode ser que consigam ver por detrás da mera aparência, pode ser que não. E quem diz olhos diz o resto, diz ouvidos, diz pele, diz nariz e diz língua. 

Isso mesmo, língua. Essa onde se anida a linguagem. Essa que estabelece uma ponte entre os sentidos mais básicos e os mais elaborados. As palavras que fazemos nascer da nossa língua, que ouvimos com os ouvidos e escrevemos com os dedos, entra mesmo é pelos poros, esse imenso véu sensível que nos recobre por todos os lados, sendo ao mesmo tempo nosso continente e nosso conteúdo. (Em tempo: os romanos tinham uma taxa, chamada linguarium, que se aplicava a quem falava demais.)

O regime alimentar de nossos olhos e ouvidos é muito conturbado. Porque aparência é tudo. Seja para persuadir, dissuadir ou sorrir placidamente entoando mantras - a aparência é tudo o que percebemos do mundo se não nos dispomos a ir além dela. Quanto menos nos dedicamos ao escrutínio do que pensamos ver, sentir, cheirar, ouvir - mais permitimos que a alienação entre em nosso íntimo. E veja: alienar-se é afastar-se de si mesmo, perder a estima, transferir algo para outro. Porque alius é o outro. 

E esse alius, lamento informar, quer você. E, para conseguir, usará de todas as formas concebíveis, e não só, para tanto. Há de mascarar a realidade, que é uma forma delicada de se falar da mentira. Seduzirá, que é uma forma aliviada de falar de manipulação. Esconderá defeitos e iluminará qualidades, como se essas fossem melhores e mais importantes que aqueles, tentando convencê-lo de que as coisas são segundo as mostra. Aos poucos, tomará conta da sua consciência, alienando-a, e transferindo-a para si. E, um dia mais que o anterior, você acreditará de pés juntos em tudo o que isso -que-tomou-sua-consciência quiser que você acredite.

É isso que alius, o outro, faz. E é isso que você (e eu, e todos) faz também, porque você é o alius de seu vizinho. 

Entra em campo a consciência, ou a sua falta. A consciência de saber que é assim que agimos - porque somos seres humanos que a todo momento formamos ideias a partir daquilo que nossos sentidos percebem. E raramente percebemos as coisas tais quais elas são. E somos seres humanos muito dados à busca da dominação do outro - ser humano, espaço, recurso. Veja os livros de História - é exemplo atrás de exemplo, e não se ache tão diferente porque a sua raça é a mesma. Humana.

A consciência de ser/estar dominado ou dominar é enormemente importante em nossos dias (se é que não em todos). Porque embora possamos pensar em ideologia e estabelecer uma linha reta entre ela e formas de ilusão ou de consciência falsa, pelo meio do caminho vamos tropeçar nas relações de dominação que estabelecemos e que estabelecem conosco. E a linguagem tem um lugar de honra nesse caminho todo.

Quando a aparência tem maior peso que seu oposto complementar (a essência), ou quando, pior, entendemos que são iguaizinhos, trilhamos caminhos inseguros, perigosos e traiçoeiros, cada vez mais suscetíveis a quaisquer formas de manipulação que nos façam fazer coisas que talvez em sã consciência não fizéssemos. Por exemplo, consumir.

E era aqui que eu queria chegar, e se você chegou comigo eu já fico é satisfeita.

Consumir deriva do latim consumere, que é comer, gastar, desperdiçar. Forma-se a partir do sufixo com, que intensifica tudo o que vem depois; e de sumere, que é tomar. Tomar exageradamente. Ou seja: somos sempre exagerados quando consumimos. Sempre. O consumismo é sempre sempre sempre um desgaste, um desperdício.

Por isso, quando o mercado tenta vorazmente apoderar-se de tudo quanto é valor, que costumamos alojar em determinados lugares simbólicos, é preciso exercitar o constante movimento de transferir esses valores para outros lugares. Eu escolho transferi-los para lugares cada vez mais íntimos, e silenciosos, para ter menos trabalho logo mais, quando as longas garras do mercado quiserem se apoderar de mais um símbolo externo. Porque o mercado não para, e nem se satisfaz. Ele sempre vai querer mais e mais os seus sonhos, os seus valores, tudo aquilo em que você acredita e faz a vida ser, para você, a vida. Só que tudo isso é aparência, tão bem trabalhada e glamourizada que em pouco tempo você assumirá para si que sim: toda essa aparência deve estar relacionada à essência. Só que não. Basta ir ao supermercado e conferir que o catchup que você compra tem tudo, menos tomate. Basta checar qualquer móvel moderno e conferir que aquilo é feito de qualquer coisa, menos de madeira. Tudo "parece com", "assemelha-se a" e tem "as mesmas qualidades que". Realidades externas que supram as nossas carências internas: é claro que só pode dar errado!

Dá trabalho, e sobretudo uma quase-tristeza, esse exercício constante, não de desapego (até porque até ele já virou produto de mercado), mas de desilusão. Escolher o desiludir-se e criar em seu entorno cada vez mais luz de consciência. Nem é fácil nem indolor: conscire é ser mutuamente alerta, é saber (scire) intensa e completamente (com). Com consciência, você passa a ter de escolher com mais seriedade o que você faz, diz, ouve, compra, vende, acaricia, empresta, pega, recolhe, entrega e despacha. E dá uma preguiça danada, uma preguiça sempre alimentada pelo mercado, doidinho pra entrar na sua vida e lhe oferecer tudo o que, sendo aparência, vai lhe dar a sensação de ser perfeito. Mas não estará. Porque não há van que crie na sua vida um movimento de contra cultura, que se opunha por definição a tudo isso que, numa enorme ignomínia, os executivos da Volks andam pensando. O que vem a ser ignomínia?! A partir de in+nomen, vem a ser a perda e o fim de um bom nome: ou seja, nossa própria desgraça e vergonha.

16/08/2015

Calma, vaca!

Sabe aqueles dias em que você chega à conclusão de que talvez a humanidade esteja perdida mesmo? Hoje é um desses.

Eu estranho, há anos, essa mania de energético. Cada vez parece mais impossível encarar a vida sem um estimulante qualquer. O paladar vai-se, e a noção das coisas junto. Assim, inocentemente, dentro de uma latinha charmosa.

Hoje dei de caras com o antídoto do Red Bull: a Relax Cow. Em vez de precisar de energia, e de se tornar um Touro Vermelho, você precisa relaxar e se acalmar? A salvação chegou: você toma uma Vaca Calma e tá tudo resolvido.

Eu sei que tenho amigos que se queixam de que penso demais, de que levo tudo ao pé da letra, de que às vezes faz parte deixar as coisas passarem. Pois eu parto do princípio de que, se está escrito, e é com letras, é para olhar para elas - e pensar. Essa faculdade tão fascinante que nos distingue dos outros animais, e nos permite fazer aquilo que Aristóteles resumiu numa frase que vou citar de cor: se você tem capacidade para fazer uma coisa, também tem capacidade para não a fazer. Depende é do que você pensa, e do que você decide depois de pensar nas coisas - mas, ó céus, como dói pensar! Como desacomoda, como incomoda, como fraciona, como nos desdobra diante dos olhos um mundo que preferimos não ver...

Para acalmar um Touro Vermelho, só uma Vaca Calma. E deixe pra lá todas as mensagens subliminares embutidas, das machistas às demais, aquelas que poderiam dizer-lhe que você é apenas um ser fácil e pateticamente manipulável.

Ou então preste atenção às linhas e às entrelinhas (faça um curso de Análise do Discurso se começar a se confundir), e faça escolhas a partir das suas conclusões. Os que prometem "esfriar a sua mente" em 296 mililitros de estupidez enlatada, prescindindo do seu esforço, da sua busca, da sua posição e do seu afeto, querem você assim: uma Vaca Calma que não incomode, que não dê trabalho, que se contente em seguir a boiada para onde ela for. Ainda que seja o matadouro.

04/11/2014

Panta rei


Tudo se move, exceto o próprio movimento. 
Heráclito

Decido, por estes dias, retirar-me da esfera facebookiana, desse campo impreciso de amizades também imprecisas, recortadas em pequenos quadros que não se constituem de fato e pele. Um mundo volátil, inconstante, traiçoeiro e sem memória. Deseja-se proximidade, obtém-se um simulacro.

E a minha alma anda cansada de simulacros. Por isso, restrinjo-lhe por ora a entrada nos domínios em que nada pode a não ser encolher-se aflita. Neste lugar sem existência, neste mundo virtual feito de nadas, vive uma força que aliena e manipula. Vejo seus efeitos. Vejo os que abdicam da capacidade de pensar formas livres e suas. Vejo outros que enveredam pela pré-concepção das coisas e assim as julgam. Vejo os que passam voando inconsistentes pelo que diz o outro. Vejo aqueles que clicam em botões sem pensarem no que o seu clique pode provocar no outro. Pensa-se pouco no outro, neste facebook de meu deus, talvez porque o outro seja uma entidade anônima e pulverizada entre dezenas de acessos e visualizações. E porque mais importante é expor diante do mundo, com palavras e imagens roubadas e carregadas, aquilo que se pensa que se pensa. Mesmo que nada se pense e só se aja por impulsão e estímulo externos. Aquilo que a máquina me sugere. Perdem-se capacidades humanas, na lida diária dessa rede sem peixes. Haverá algo de verdade essencial, que permeie as horas e subsista à passagem de um dia ao outro, neste mundo rápido dos bytes?

Séculos atrás, Íxion cometeu o equívoco terrível de tomar o simulacro por verdade. Rei dos Lápitas que habitaram a Tessália, Íxion foi o primeiro mortal a matar alguém da própria família, crime que o tornou impuro, tão grave que não houve quem quisesse purificá-lo. Ninguém podia tocá-lo, nem comer com ele nem sentar-se à mesma mesa e beber em sua companhia uma taça de vinho. Íxion enlouqueceu.

Zeus, num dia de humor generoso, olhando-o lá de cima de seu trono, apiedou-se, e convidou-o ao banquete dos deuses, evento que o redimiria. Íxion, entre uma taça de vinho e outra, encantou-se por Hera, esposa de Zeus, e logo a assediou. Zeus, ainda no mesmo humor generoso e farto, decidiu ensinar-lhe algo: criou uma cópia fiel de Hera, um simulacro de sua esposa feito de nuvem, e para que não houvessem dúvidas deu-lhe o nome de Nefele. Nefele, a nuvem. Íxion, que sequer percebeu diferença, possuiu e engravidou Nefele, e dela nasceram os centauros, à exceção de Quíron e Folo, que têm origem diversa e diversos são dos centauros comuns. Íxion, de volta à terra, gabou-se da conquista e relação com Hera, o que pôs fim ao bom humor de Zeus, que o amarrou a uma roda em chamas e o jogou no rio Hades, num castigo que durará toda a eternidade.

Os frutos de Íxion e Nefele assolam a terra, seres que não sabem se animais são, se humanos. Tendem ora a um lado, ora a outro, prisioneiros do simulacro que lhes deu origem. Esses frutos cavalgam sobre as nossas vidas. Nublam-nos o discernimento, o reconhecimento da nossa verdade mais interna. Conduzem-nos por caminhos confusos, onde a sombra, o nevoeiro, a noite escura se instalam com facilidade.

Quem nos lega da longínqua Grécia a lenda de Íxion é Píndaro, no século V a.C. Foi Píndaro quem disse "Homem, torna-te no que és" e foi Píndaro quem inventou a bússola. É na direção desse norte que a bússola de Píndaro indica que a minha alma se dirige e o meu espírito se move. Na direção do reconhecimento da essência e da recusa de todo simulacro que se identifique. Quero a vida feita de matéria, lugar onde o espírito mais visível se torna. Quero a vida feita de palpabilidade, de encontros plenos e sob um sol que os ilumine, nutra e faça brilhar. Que sejam recíprocos, e nos aliviem das trevas que se abatem, sem dó nem sossego, sobre cada um de nossos dias.


25/07/2014

Estrelas sem culpa

Os moldes, para quem não sabe, servem para reproduzir qualquer coisa com exatidão e em grandes quantidades.

Para peças que precisam de reprodução muito fiel, o processo de moldagem a vácuo é o mais indicado, superior a outros tipos de moldes, feitos de madeira ou de epóxi. O vácuo, sabe-se, é um processo de grande utilidade na reprodução mecânica das coisas. No vácuo, molda-se qualquer coisa, até pensamentos. Com a vantagem de nem se sentir a sua presença. E o pior é que, sem vigilância, o vácuo toma conta.

Temos então estruturas que, através do vácuo, reproduzem à exaustão o mesmo tipo de forma. Tudo igual, sem surpresas. Pois bem: existem também os contra moldes. Embora pelo nome pareçam opor-se aos moldes, na verdade fazem com que suas paredes e superfícies fiquem mais grossas e resistentes. Talvez os contra moldes não tenham muita consciência de que existem para que o processo de reprodução mecânica fique mais aprimorado. Talvez pensem que chegaram para alterar essa ordem estabelecida de tudo ser igual.

Coitados.

Vou ao cinema. Assisto a esse filme que todos comentam,  "A culpa é das estrelas". Emociona. Chorei, igualzinho a todos os que assistiam a sessão, numa faixa entre os 7 e os 75 anos de idade. Todos ali a enxugarmos as lágrimas, início, meio e fim. Moldagem perfeita.

Nada contra Hazel e Augustus, os adolescentes que se apaixonam e carregam juntos a luta contra o câncer. Nada contra a história real em que se baseia a trama. Não me espanta tamanha comoção (minha, inclusive) por um drama particular: antes me parece revelação dos tempos.

A certo momento do filme, os dois personagens encontram-se em Amsterdã. Visitam a casa onde Anne Frank passou seus últimos anos de vida, antes de morrer nos fornos de Auschwitz. Fico com a sensação de uma linha paralela que se desenha sutilmente, entre Hazel e Anne. Tão sutil que me incomoda.

Com toda a razão, dizem o livro e o filme, há infinitos maiores e menores. "A culpa é das estrelas" é um infinito pequeno que nos emociona porque poderíamos ser nós mesmos, nosso amigo, nosso vizinho, nossa irmã. É um infinito ínfimo que nos aprisiona na nossa pequenez, nessa coisa miúda em que nos tornamos quando o que vemos diante dos olhos é o que podemos perceber possível na nossa própria vida. Assim, meio pasteurizado.

É como comida mexicana nos Estados Unidos ou japonesa entre nós: adaptam-se os sabores ao paladar do lugar, para que nada espante ou desagrade. Em vez do sabor exótico, forte, algo que nossos sentidos reconheçam como conhecido, e não precisem trabalhar em si nada de adaptação - muito menos de por-se a perceber se gosta ou não gosta disto que é tão diferente, e não apenas parece. Essa pasteurização que vejo desfilar na tela à minha frente, essas imagens da dor sentida até o ponto em que seja suportável pela audiência que se identifica, desagradam-me. Desagrada-me o título que vende milhões nas livrarias: finalmente, então, temos a quem culpar. Ô alívio.

Juro: desanimo. E porque desanimar-se é perder-se a alma das coisas, é deixar de estar-se inteiro onde se pisa, escrevo. Porque não me quero gente sem alma perto de ninguém, e parece que o escrever re-anima a vida em mim, e eu me retomo nas mãos.

Saio do cinema com uma sensação dúbia. Todas as lágrimas choradas pela culpa das estrelas reduzem a nossa humanidade, dando a falsa impressão de nos tornarmos mais humanos por nos sentirmos tão tocados por esse drama juvenil. E a juventude que se prepara para imprimir futuro ao planeta em que vivemos, emociona-se com uma drama que fala dela mesma, sem se aperceber que é para um infinito muito pequeno que o molde é projetado. Essa juventude demonstra menos capacidade de se emocionar com o drama de milhares de adolescentes que lutam todos os dias por se manterem vivos nas periferias das grandes cidades, do que pelo drama pequenamente infinito da tela. O mesmo adolescente que chora copiosamente no cinema é o mesmo adolescente que ergue o vidro no farol da grande cidade, abrindo um fosso entre ele mesmo e o outro seu igual. O mesmo adolescente que é vítima fácil das armadilhas dos moldes sociais. Que vai às ruas sem saber exatamente por que, encaixando-se num molde tão bem construído que nem sequer se anuncia.

Por-se a pensar com sua própria cabeça? É infinitamente mais fácil deixar-se moldar. Mais fácil emocionar-se com as estrelas do que sentir ao lado da pele as dores do radicalismo mundo afora, e das arbitrariedades mundo adentro. No afora do mundo, o sofrimento que torna a vida impossível para milhões que não têm a sorte de uma tela onde seus dramas comovam as massas. No adentro do mundo, esse desfile nu e cru de arbitrariedades, bem diante dos nossos olhos, atrás da porta do nosso vizinho, na calçada do nosso lado da rua. São a população do semáforo da esquina de casa, e nós preferimos a anestesia em qualquer das suas múltiplas formas. Vamos nos moldando. Cedendo aqui, cedendo ali. A alma enfraquece-se, e cede. E sem que se saiba como, a possibilidade de indignação é agora uma quimera, e a vida perde peso, consistência e verdade.

Talvez fiquemos, diante da tela, com a sensação de sermos pessoas basicamente boas: a emoção diante desse drama tão próximo, tão possível, é um afago em nossa alma, para que o disco interminável e insufocável do sofrimento humano se esfume e, de tanto girar, se torne branco e indistinto. E desapareça. E nós fiquemos em paz. Até porque, afinal, a culpa é das estrelas.