"As coisas que estão mortas
aliviam-me as próprias curvas, os abismos em que se precipitam os cada vez mais
cheios rios que escorrem sem tempo por dentro das minhas veias. A cada cair,
aumentam o seu caudal, o tamanho da sua força. A minha alma, suspensa na
margem, está toda molhada da sede que avança.
As coisas que estão mortas são
silêncio. Nada as interrompe nem altera. Jazem parecendo quietas, invisíveis
debaixo do chão, sem ar, sem tempo, sem escolhas.
As coisas que estão mortas só
foram, e as marcas que deixaram são tão invisíveis quanto elas, agarradas à
terra debaixo do chão.
As coisas que estão mortas não
se ferem, não se movem, já não são, e ainda assim sente-se a maciez do toque do
que foi e permanece no que é."
(Dos "Diários de Hope", a personagem em busca de contorno)
Senti um cheiro de folhas adormecidas no orvalho sobre a terra úmida do passado...
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