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25/08/2018

Ser do Santo

Perguntam-me, depois do último texto, se eu eu virei umbandista. Virei, há anos.

Não gosto (nada) de definições, essas coisas que, mesmo não querendo, nos restringem. Dizer que se é uma coisa, poderá parecer que não podermos ser outras muitas. Porém, parece que chega uma hora em que são precisas, as definições. Para facilitar a comunicação. Ou estabelecer lugares de fala. Por isso, é bom esclarecer: sou umbandista, também.

Numa palestra bem interessante durante um encontro de escritores no começo deste ano, intitulada "The Healing Self" (o link você encontra logo aí abaixo), Deepak Chopra diz termos muitos e muitos corpos. A cada semana, um novo. A cada ano. A cada período de vida. Um bom ponto de partida para refletir que, mesmo ainda sendo os mesmos e vivendo, somos sempre uma nova edição desses nós mesmos.

Por isso, hoje posso dizer ser umbandista, dentre as várias outras coisas que também sou, as que fui e as que serei. Movimento e liberdade são fundamentais.

E o que vem a ser "ser umbandista"?

Vem a ser colocar-se num posto de observação de si mesmo e do outro que privilegia duas pequenas palavras: amor e afeto. Se formos à etimologia da palavra caridade (caritas) encontraremos ambas. E caridade é uma palavra indispensável no universo da Umbanda, essa religião brasileira que ergue a bandeira do amor e a leva alegremente, entre cantando e dançando, feliz de estar encarnada e atuante no mundo hoje, mudando e servindo conforme necessário, sincrética como a sociedade que reflete.

Ser umbandista é uma alegria diária, um lugar onde alicerçar a fé, um recanto onde encostar o cansaço, onde renovar a esperança, onde se nutrir de presença e "firmeza de cabeça", onde exercitar a fraternidade e onde perceber nítida e clara a presença do mundo que não podemos ver com os olhos físicos, mas que os olhos da alma reconhecem.

Parece um bom tema para escrever mais algumas coisas!



"The Healing Self", Deepak Chopra