No dia 3 de fevereiro começou, finalmente, o meu novo ano.
Adepta recente da procrastinação, embora deteste a palavra, decidi aderir ao ano novo chinês, basicamente porque começava num então longínquo 3 de fevereiro. Chegou o que estava longe. E hoje ainda fico com a impressão de que talvez quem sabe eu devesse ou pudesse aderir ao ano novo judaico... mas descubro que isso só acontecerá lá para fins de setembro. Hosh Hashaná vai ser um pouco demais.
Ainda bem que aproveitei meu filho que viveu seis meses na China e me diverti celebrando o dia 3 de fevereiro no melhor e maior estilo. Para comemorar o novo ano, além de cogitar mais uma vez repor o coelho assassinado pelo gato de casa, sucumbindo aos apelos do filho que mo pediu as férias inteiras, decidi aventurar-me pela culinária chinesa. Pãozinhos no vapor, com recheio de carne e legumes. Baozi, diz o chinês de seis meses que me assiste, não é exatamente a estrela do ano novo, mas enfim... antes isso que nada.
Vamos, enquanto isso, conversando animadamente sobre o coelho, animal de rege este ano de 4710. Dócil e paciente, símbolo máximo da longevidade, abençoa os anos que se lhe dedicam com apenas coisas boas – um dos noticiários de Macau (em português, graças a Camões entre outros) diz que os cataclismos, mesmo que os haja, não terão as dimensões catastróficas que tiveram neste ano que se acabou, regido pelo Tigre. Espero mesmo que todos os cataclismos se atenuem, inclusive os da minha vida pessoal.
Lembro-me de ter decidido, nesse dia, colocar de lado todos os comportamentos procrastinadores dos últimos tempos, o que não foi exatamente o que aconteceu, e prova disso é esta crônica, que estava toda no presente e agora preciso convertê-la aos tempos pretéritos. Um exercício de colagem que espero me satisfaça ao fim.
A palavra “procrastinação” tem uma origem etimológica simples e tranquila, que não faz jus, ao menos não aos meus ouvidos, à sua sonoridade horrorosamente desagradável. Pro, prefixo que sempre significa adiante, e cras, dia seguinte para os romanos, e aí está – deixar para o dia seguinte. Convenhamos que é melhor procrastinar do que postergar – este último para data imprevisível, que pode ser nunca. Procrastinar é, via de regra, apenas deixar para amanhã, mesmo que se devesse fazer hoje.
Uma das maneiras de deixar de procrastinar pode ser, para não sairmos do espectro das palavras horrorosas, defenestrar: em vez de deixar para amanhã, atirar tudo pela janela, para depois inventar novas obrigações, novos compromissos, novas surpresas que se acumulam diante da porta de cada dia, tudo pronto a ser procrastinado com alegria.
ana, olha este blog! poesia muito boa!
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beijos
sofia
Oi, Sofia! Obrigada pela recomendação - adorei! É teu amigo?
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